Como desenvolver sensibilidade para os aspectos sociais e relacionamentos sadios, numa sociedade que nos bombardeia com pensamentos individualistas e discriminatórios? Penso que o desafio moderno é estabelecer uma rede de interação e complementaridade entre as pessoas, na qual cada um possa revelar suas potencialidades e obter satisfação em vivenciar-se único e ao mesmo tempo integrado em um todo.
Poder participar criativamente da vida em comunidade, crescer interiormente, apoiado pelo grupo, que nos fortalece e sustenta. Será isto um ideal longínquo? Será utopia esperar que possamos chegar a um tal estado de confiança, onde aquilo que sentimos ou pensamos sobre o outro possa ser expresso calmamente, diretamente a ele, olho no olho? Realidade em que o medo do outro ou das implicações da nossa sinceridade possam ser substituídos pelo acordo estabelecido entre ambos, com base em uma só verdade: buscamos o mesmo, almejamos o bem de nós dois (ou de um terceiro).
Estamos longe desta realidade, somos seduzidos pela sombra da intriga, da inveja, da competição. Estamos perdidos, presos entre as quatro paredes do isolamento, tão bem edificadas. Muitas vezes buscamos cúmplices, o que só fortalece e engrossa as paredes. E o mais paradoxal é que não dispomos de ferramentas capazes de transformar os demais, senão pelo trabalho árduo sobre nós mesmos. Admitir cada dia a extensão de nossa arrogância e cegueira, já é um primeiro passo, mas quão sofrido! Transformar crítica em compreensão, negação em aceitação, reconhecer o Cristo no irmão e não somente a nossa sombra projetada, uma meta distante, quase inatingível.
Na calma e silêncio interior que precede a semana santa, possamos colocar nossa pequenez diante de Cristo, pedindo humildemente que nos inspire para caminharmos em direção à tão esperada paz na terra!
Com carinho, aos colegas, pais e alunos da Veredas,
Professora Maristel.
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