A experiência de entrar e sair de cavernas, sem dúvida é uma vivência inesquecível. Primeiro, chegar nelas..., caminhar..., subir..., descer..., transpor troncos, matas, raízes. Depois, deparar-se com a entrada, às vezes enorme..., ampla..., convidativa... ou mesmo misteriosa..., sinistra..., amedrontadora. Outras, pequena, quase imperceptível na distância, estreita, escura. E finalmente... entrar... Finalmente?
Na realidade o encontro com a entrada da caverna vem a ser o começo de algo novo: as perguntas... Quero entrar? Como? O que tem lá dentro? Vou dar conta? Vai faltar o ar? E se cair? Então vem a decisão, a vontade de correr o risco e de se abrir para o que virá.

E a adolescência? Talvez a adolescência seja o primeiro momento em que começamos a entrar (ou não) nas nossas cavernas. Talvez seja o primeiro momento em que percebemos que não temos mais acesso fácil aos nossos filhos ou alunos. Mas para quem é educador (seja professor ou pai), a pesquisa “espeleológica” das cavernas próprias e das dos alunos é condição fundamental de trabalho. Surgem então as questões: queremos entrar? Até onde? Como? Estamos dispostos a nos “sujar”, “rastejar” e se for preciso “nadar” para “ver” e entender o que há lá dentro?
Sinceramente, depois de cinco dias entrando e saindo de cavernas, creio que vale a pena: a adolescência que nos amedronta com seu desequilíbrio e mal-estar, passa a ser “a entrada para o desconhecido, o início do desenvolvimento espiritual de uma pessoa”.* Mais uma vez só fica a gratidão para com meus alunos (e filhos) que me levam a correr todos os riscos.
Ana Cecilia Santos Padilla
Professora de Classe do 7º ano
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